O diagnóstico precoce de transtornos do neurodesenvolvimento, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), é um dos fatores mais determinantes para o desenvolvimento saudável de crianças neurodivergentes. Nesse processo, o pediatra é a peça-chave. É ele quem acompanha os marcos do desenvolvimento infantil desde os primeiros meses de vida e pode identificar sinais que indicam a necessidade de avaliação mais aprofundada.
Para entender melhor esse papel tão essencial, entrevistamos a Dra. Vera Lúcia Oliveira, pediatra com 49 anos e uma trajetória sólida e dedicada à saúde infantil. Ela é fundadora da Clínica Innovare Saúde & Bem-Estar, um centro especializado em crianças e adolescentes neurodivergentes. Com pós-graduações em Neuropediatria, Psiquiatria Infantil, Neurociências e Autismo, além de certificação em Transtornos do Neurodesenvolvimento com o renomado Thiago Castro, a especialista defende com veemência a atuação preventiva da Pediatria.
“É o pediatra quem acompanha a criança desde os primeiros dias de vida. Por isso, é ele quem está em posição privilegiada para perceber se algo está fora do esperado. Com um olhar atento, empático e baseado em ciência, é possível perceber os primeiros sinais de alerta para condições como autismo e TDAH”, afirma a Dra. Vera.

Estudos mostram que o TEA pode ser identificado ainda nos dois primeiros anos de vida, principalmente se o pediatra estiver preparado para reconhecer comportamentos como ausência de contato visual, falta de resposta ao nome, atraso na fala e dificuldades de interação social. No caso do TDAH, a identificação precoce também é possível quando sinais como inquietação extrema, impulsividade e falta de concentração aparecem de forma persistente na primeira infância.
“O diagnóstico não é uma sentença, é uma oportunidade. Quando feito precocemente, conseguimos oferecer à criança e à família intervenções adequadas, acolhimento e suporte para que ela possa se desenvolver de forma mais harmoniosa”, explica a médica.
A Sociedade Brasileira de Pediatria também reforça a necessidade de capacitação dos pediatras nesse processo. Intervenções aplicadas antes dos 3 anos de idade têm maior impacto na evolução cognitiva, comportamental e emocional da criança, principalmente no caso do autismo.

Com sua clínica localizada em Camocim, no litoral do Ceará, a Dra. Vera oferece uma abordagem humanizada e multidisciplinar. O espaço foi idealizado com o propósito de atender crianças e adolescentes neurodivergentes de forma integral, considerando não apenas os aspectos médicos, mas também emocionais, familiares e sociais.
“Cada criança é única, e não existe uma receita pronta. Nós avaliamos com cuidado, ouvimos os pais, observamos o comportamento e oferecemos acompanhamento contínuo. Na Innovare, nosso foco é o bem-estar da infância”, destaca.
Hoje, com os avanços da tecnologia e da comunicação, a Dra. Vera também realiza atendimentos por telemedicina, alcançando famílias em todo o Brasil. Essa modalidade permite que crianças em regiões com difícil acesso a especialistas possam contar com avaliação e acompanhamento de qualidade, promovendo o diagnóstico precoce mesmo à distância. “A telemedicina ampliou nossa capacidade de cuidar. Hoje conseguimos acompanhar famílias de várias partes do país, oferecendo suporte especializado onde muitas vezes não há profissionais preparados para isso”, ressalta.
Outro ponto pouco conhecido, mas extremamente importante, é a autorização legal para que o próprio pediatra realize o laudo de TEA, conforme previsto na Lei Berenice Piana (Lei nº 12.764/2012). A legislação reconhece o autismo como uma deficiência para todos os efeitos legais e não restringe o diagnóstico apenas a neuropediatras, o que derruba um dos grandes mitos na área da saúde infantil. “Muitos pais ainda acreditam que só o neuropediatra pode fechar diagnóstico, mas a lei garante que pediatras capacitados também estão habilitados. Isso agiliza o processo e permite que mais crianças tenham acesso ao tratamento adequado o quanto antes”, explica a especialista.
A história da Dra. Vera Lúcia começa em um percurso acadêmico de excelência, passando por diversas universidades públicas renomadas: a Universidad Mayor Real y Pontificia de San Francisco Xavier de Chuquisaca (Bolívia), a Unirio (Rio de Janeiro) e a Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). Mas sua formação vai além da Medicina tradicional.
“Sempre fui movida por curiosidade e paixão por aprender. Estudei idiomas em universidades como a UFC e a UECE, aprendi piano, fiz teatro e me dedico à poesia. Tudo isso amplia minha sensibilidade humana — algo essencial quando se cuida de crianças.”
Poliglota e apaixonada pelas artes, ela acredita que expressões artísticas e culturais também são ferramentas importantes para o desenvolvimento infantil. Além disso, é Certificanda em Educação Parental e Neurociências, o que lhe conferiu o título de Embaixadora da Infância.
A medicina também avança com a tecnologia. Ferramentas com uso de inteligência artificial já estão sendo utilizadas em países como a Espanha para detectar TEA em bebês a partir de 9 meses, através da análise de padrões de resposta visual e auditiva. Já o TDAH pode ser diagnosticado em apenas 20 minutos com 95% de precisão por meio de equipamentos de leitura da atividade cerebral.
“É fascinante ver como a tecnologia pode nos ajudar, mas nunca vai substituir o olhar atento, acolhedor e clínico do profissional que conhece a criança e acompanha sua história desde o início”, reforça Dra. Vera.
O papel do pediatra no diagnóstico precoce é decisivo. Profissionais como a Dra. Vera Lúcia Oliveira mostram que o compromisso com a infância precisa ir além da técnica. É necessário sensibilidade, formação contínua e, acima de tudo, um olhar humano.
“A infância é a base de tudo. Quando cuidamos bem dela, estamos cuidando do futuro da sociedade.”
Para conhecer mais sobre o trabalho da especialista, acesse:
Site oficial: https://www.draverapediatra.com.br
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