- Artistas dividiram o palco em São Paulo na última sexta-feira (17), em apresentação histórica da turnê “Tempo Rei”
- Sob aplausos e emoção, Gilberto Gil e Seu Jorge celebraram a amizade, a arte e a eternidade da música brasileira
Crédito foto: @pridiabr
Na última sexta-feira, 17 de outubro, o Allianz Parque, em São Paulo, foi palco de um encontro inesquecível entre duas potências da música brasileira. Durante o show da turnê “Tempo Rei”, que celebrou a trajetória e a despedida dos grandes palcos de Gilberto Gil, o cantor recebeu Seu Jorge para uma participação especial. Juntos, eles emocionaram o público ao interpretar “Refavela”, canção que dá nome ao álbum clássico lançado por Gil em 1977 e que se tornou um símbolo de identidade, resistência e brasilidade.
A participação de Seu Jorge foi um dos pontos altos da noite, marcada por emoção e reverência. Em suas palavras, o artista definiu o momento como um marco pessoal e artístico:
“Um momento memorável na minha vida.
Um privilégio enorme que jamais me esquecerei.
Poder estar ao lado no palco do gênio imortal Gilberto Gil e cantar uma de suas obras mais lindas entre tantas concebidas por esse artista maravilhoso.
Obrigado pelo convite e carinho com que eu fui recebido por essa família que eu admiro muito.
Obrigado a Flora Gil pela confiança e pelo carinho!
Parabéns a todos da equipe de produção.
Saúde e viva Gilberto Gil!”
O público respondeu com euforia à união de vozes que representam diferentes gerações, mas compartilham a mesma admiração e respeito mútuo. Sob aplausos e emoção, o encontro entre Gil e Seu Jorge reforçou a força atemporal da música brasileira e celebrou o legado do artista baiano.
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Sobre Seu Jorge:
Do Gogó da Ema aos holofotes internacionais, Seu Jorge consolidou-se como um dos artistas mais influentes da cultura brasileira. Cantor, compositor, ator e multi-instrumentista, ele navega entre os universos do samba, MPB, R&B, Bossa Nova e funk, conectando gerações e fronteiras através da música e do cinema. Com uma trajetória pautada na pluralidade artística, Seu Jorge se tornou uma voz potente tanto no entretenimento nacional quanto internacional.
Nascido Jorge Mário da Silva em Belford Roxo, no estado do Rio de Janeiro, seu primeiro contato com a arte aconteceu no teatro. No início dos anos 1990, integrou a Companhia de Teatro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (TUERJ), onde participou de mais de 20 peças, incluindo “A Saga da Farinha”. Paralelamente, sua vivência na boemia carioca o levou a frequentar rodas de samba, bailes de funk e charme, criando a base para sua identidade musical.
Seu Jorge despontou para o grande público em 1997, ao fundar a banda Farofa Carioca, com Gabriel Moura e o flautista francês Bertrand Doussain, um grupo que mesclava rap, samba, MPB, soul e reggae. O álbum de estreia, “Moro no Brasil”, continha o icônico single “A Carne”, uma crítica social que se tornou um hino antirracista na voz de Elza Soares. Pouco depois, iniciou sua carreira solo e, em 2001, lançou “Samba Esporte Fino”, também conhecido internacionalmente como “Carolina”, produzido por Mário Caldato e Daniel Ganjaman. O disco firmou seu nome na música brasileira, com hits como “Carolina” e “Chega no Swing”.
Paralelamente à música, Seu Jorge encontrou no cinema uma plataforma para expandir sua arte. Sua primeira grande atuação foi como Mané Galinha em “Cidade de Deus” (2002), de Fernando Meirelles. O filme alcançou sucesso internacional, abrindo portas para sua participação em “A Vida Marinha com Steve Zissou” (2004), de Wes Anderson. No longa, Seu Jorge reinterpretou clássicos de David Bowie em português, conquistando a admiração do próprio artista britânico, que declarou: “Se Seu Jorge não tivesse gravado minhas músicas em português, eu nunca teria ouvido esse novo nível de beleza que ele as imbuiu”.
Nos anos seguintes, sua discografia cresceu, consolidando-o como um dos maiores nomes da música brasileira. “Cru” (2004) trouxe interpretações autênticas e faixas como “Tive Razão” e “Eu Sou Favela”. Seu Jorge também brilhou com “Ana & Jorge” (2005), uma parceria com Ana Carolina que imortalizou “É Isso Aí”, versão de “The Blower’s Daughter”, de Damien Rice.
No cenário internacional, conquistou a crítica com o projeto Seu Jorge & Almaz, ao lado de Lúcio Maia e Pupillo, da Nação Zumbi, e do compositor Antonio Pinto. O álbum recebeu aval de publicações como Washington Post e The New York Times. Seu álbum “América Brasil” (2008) revelou sucessos como “Burguesinha” e “Mina do Condomínio” e foi o grande vencedor do Latin Grammy de Best MPB Álbum e os álbuns “Músicas Para Churrasco Vol 1” (2012) e “Músicas Para Churrasco Vol 1 (Ao Vivo)” (2013) também venceram o Grammy Latino, na categoria Best Brazilian Contemporary Album.
O cinema continuou sendo um espaço frutífero em sua trajetória. Atuou em “Casa de Areia” (2005), ao lado de Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, “Tropa de Elite 2” (2010) e “Abe” (2019), onde interpretou um chef brasileiro. Em “Marighella” (2021), dirigido por Wagner Moura, viveu o líder revolucionário Carlos Marighella, papel que lhe rendeu prêmios internacionais como Melhor Ator no Festival Internacional de Filmes da Índia e no Bari International Film Festival. Em 2025, Seu Jorge integra o elenco de “Corrida dos Bichos”, dirigido pelo premiado cineasta Fernando Meirelles e Ernesto Solis, e “A Melhor Mãe do Mundo”, de Anna Muylaert, que teve sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Berlim, em fevereiro do mesmo ano.
Seu Jorge também marcou presença no streaming, estrelando séries como “Irmandade” (Netflix), “Mandrake” (HBO) e “Manhãs de Setembro” (Amazon Prime). Para ele, o crescimento das plataformas digitais possibilitou a criação de personagens mais complexos e afastados de estereótipos raciais recorrentes na TV tradicional.
Em 2023, Seu Jorge celebrou 30 anos de carreira, reafirmando sua posição como um artista sem fronteiras. Além de projetos musicais e cinematográficos, ele também é CEO da Black Service, um espaço de produção cultural voltado à valorização de artistas pretos no mercado.
No início de 2025, lançou o álbum “Baile à la Baiana”, seu primeiro de faixas inéditas em dez anos. Com 11 faixas que combinam elementos da música carioca e baiana, o novo trabalho é uma celebração da riqueza cultural do Brasil e um marco na carreira do cantor, que se consolidou como um dos artistas mais versáteis e criativos da música brasileira. Ainda em 2025, deu início a uma ampla turnê internacional, levando a turnê do álbum a países como França, Dinamarca, Portugal e Holanda, onde participou de importantes festivais do verão europeu. No Brasil, a agenda incluiu palcos de destaque como Turá, João Rock e C6 Music Fest.
Sua influência atravessa continentes, indo do samba carioca aos palcos do Royal Albert Hall e do Madison Square Garden. Dono de um legado inestimável, Seu Jorge segue desafiando convenções e transformando a arte em uma ferramenta de diálogo e revolução.