Especialista da Farmácia Artesanal fala sobre conscientização a respeito do tema e explica os mitos e verdades sobre o uso indiscriminado de remédios
O dia 5 de maio foi instituído como o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, com objetivo de alertar a população quanto aos riscos à saúde causados pela automedicação. O intuito é ressaltar os perigos do uso indiscriminado de medicamentos e a automedicação como principais responsáveis pelos altos índices de intoxicação por medicamentos.
De acordo com os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a automedicação ou o mau uso de medicamentos intoxica três pessoas por hora no Brasil. A cada ano, 27 mil brasileiros passam mal ao ingerir medicamentos de forma errada e, em média, 73 acabam morrendo. O país registrou 138.376 intoxicações e 365 mortes causadas por medicamentos entre 2008 e 2012, seja por acidente, tentativa de suicídio, uso terapêutico ou erro de administração.
O uso irracional de medicamentos tornou-se um problema de saúde pública decorrente da medicação por conta própria. Sete entre dez brasileiros costumam ingerir remédios sem orientação médica, confiando antes na própria avaliação ou na opinião de parentes e amigos. Os fármacos respondem por 27% das intoxicações, à frente da intoxicação por agrotóxicos e animais peçonhentos, por exemplo. O cenário é preocupante, dado um mau hábito do brasileiro. As classes terapêuticas mais consumidas no Brasil são analgésicos (18%), anti-hipertensivos (15%), anticoncepcionais (7%), anti-inflamatórios (6%), vitaminas (6%), remédio para colesterol (5%) e antidepressivo (5%).
Com o objetivo de promover o uso racional de medicamentos, o farmacêutico especialista da Farmácia Artesanal, Mário Abatemarco, um dos maiores grupos de franquias de farmácias de manipulação do Brasil, preparou uma sequência de mitos e verdades sobre o tema, que certamente vai ajudar a esclarecer muitas dúvidas da população. Confira!
1) Mito ou verdade: toda doença requer o uso de medicamentos para tratamento!
Mito. Alguns problemas de saúde são de duração muito curta e podem desaparecer mesmo sem o uso de medicamentos. Dores de cabeça leve e esporádicas, por exemplo, não requerem tratamento medicamentoso para a maioria dos casos. Basta fazer repouso e ter um pouquinho de paciência que ela vai passar.
2) Mito ou verdade: medicamentos devem ser sempre tomados de estômago cheio!
Mito. Alguns medicamentos são melhor absorvidos pelo organismo quando ingeridos de estômago cheio, enquanto outros são mais bem aproveitados de estômago vazio. Vitaminas oleosas, como a vitamina D, por exemplo, é mais bem absorvida pelo organismo quando ingerida junto às refeições, pois a gordura presente nos alimentos ajuda muito na sua absorção. Em contrapartida, o omeprazol, um medicamento utilizado para o tratamento da úlcera gástrica, possui melhor ação quando tomado de estômago vazio, de jejum, ao acordar. Sempre procure orientação com o médico e o farmacêutico para receber orientações sobre a melhor forma de utilizar medicamentos. Isso pode fazer toda a diferença para o sucesso do tratamento.
3) Mito ou verdade: alguns medicamentos devem ser tomados com água enquanto outros devem ser tomados com leite!
Mito. Todo medicamento deve ser tomado com água e, numa quantidade mínima de 200mL ou mais, para facilitar o deslizamento do comprimido ou da cápsula pela garganta, evitando os engasgos e para criar no estômago, um meio favorável para sua dissolução. Tomar medicamentos com leite pode diminuir a sua absorção pelo organismo, o que poderá comprometer o tratamento. É o que acontece, por exemplo, quando a tetraciclina, um antibiótico muito utilizado por adolescentes para o tratamento da acne, é ingerida com leite. O cálcio presente no leite forma um complexo insolúvel com a tetraciclina, o que diminui (e muito) a sua absorção pelo organismo.
4) Mito ou verdade: os melhores locais para o armazenamento dos medicamentos em casa são a cozinha e o banheiro!
Mito. Os medicamentos devem ser sempre armazenados protegidos da luz, do calor e da umidade. A cozinha é o local com maior produção de calor da casa devido a presença do fogão e o banheiro o de maior umidade devido a formação de vapor d’água durante o banho. Assim, esses são os piores locais para a guarda de medicamentos. Os quartos costumam ser bons locais para a conservação dos medicamentos, pois geralmente são bem arejados, protegidos do calor excessivo e da umidade. Lembre-se ainda de mantê-los em sua embalagem original e longe do alcance das crianças.
5) Mito ou verdade: partir um comprimido é a melhor opção para ter metade da dose.
Mito. A partição de um comprimido para ter metade da dose é um hábito que, embora seja corriqueiro, deve ser desencorajada. Não há garantias de que as duas metades terão quantidades iguais. O mesmo acontece quando um bombom é partido ao meio, sempre uma metade fica maior que a outra. Em se tratando de medicamentos, pequenas variações nas quantidades do princípio ativo ingeridas, podem comprometer o tratamento. A melhor opção para ter a quantidade exata da dose é a manipulação do medicamento.
6) Mito ou verdade: o local correto para descarte de medicamentos vencidos é o lixo da cozinha ou do banheiro.
Mito. Embora seja muito comum, esses locais não são adequados para o descarte de medicamentos (vencidos ou não). Muitas pessoas utilizam também o vaso sanitário ou a pia para o seu descarte, o que também não é adequado.
7) Mito ou Verdade: o descarte de medicamentos da maneira incorreta afeta diretamente o meio ambiente?
Verdade. Medicamentos são considerados poluentes ambientais e quando descartados no lixo doméstico serão encaminhados para aterros sanitários, o que vai gerar contaminação no solo. Quando descartados na pia ou no vaso sanitário, serão drenados pela rede de esgoto comum, o que vai gerar contaminação na água. Para jogar fora o medicamento, o mais indicado é que você encaminho para um posto de coleta. Muitas farmácias de manipulação e drogarias também oferecem esse serviço de coleta gratuitamente.
8) Mito ou verdade: prevenir é sempre o melhor remédio.
Verdade. Previna o adoecimento adotando bons hábitos de vida. Praticar atividade física regular, se alimentar de forma equilibrada, evitar o cigarro, o excesso de bebida alcoólica, estar com as vacinas em dia e consultar regularmente o seu médico são hábitos que farão você viver mais e melhor.
O lipedema é uma doença crônica e progressiva caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura, geralmente nas pernas, quadris e braços. Embora seja frequentemente confundido com obesidade ou retenção de líquidos, trata-se de um distúrbio vascular que afeta majoritariamente mulheres e que, se não tratado, pode comprometer a mobilidade, causar dor intensa e impactar significativamente a saúde física e emocional.
De acordo com o médico vascular Dr. Douglas Sterzza, referência no diagnóstico e tratamento do lipedema, muitas pacientes convivem por anos com a doença sem saber.
“O desconhecimento ainda é um dos maiores desafios. Muitas mulheres passam boa parte da vida acreditando que o problema é estético, quando na verdade se trata de uma doença que avança e gera complicações importantes se não for tratada adequadamente”, explica o especialista.
O que acontece quando o lipedema não recebe tratamento?
Quando não há acompanhamento médico, o lipedema tende a evoluir de maneira contínua, passando por estágios cada vez mais complexos. Segundo o Dr. Sterzza, a evolução pode acarretar:
Aumento progressivo do volume das pernas
O acúmulo de gordura tende a intensificar-se ao longo dos anos. O aumento de volume compromete o uso de roupas, gera sensação de peso e dificulta a mobilidade.
Dor crônica e sensibilidade exacerbada
A dor ao toque é um dos sintomas marcantes. Sem tratamento, ela se torna constante e passa a limitar atividades simples, como caminhar e subir escadas.
Formação de nódulos e endurecimento do tecido
Com o avanço da doença, ocorre a formação de nódulos, fibrose e endurecimento da gordura — estágio que exige abordagens terapêuticas mais complexas, muitas vezes cirúrgicas.
Sobrecarga do sistema linfático
O lipedema pode evoluir para lipo-linfedema, quando há prejuízo do sistema linfático. Isso provoca inchaço intenso, sensação de pernas “cheias” e maior dificuldade de locomoção.
Problemas vasculares associados
O excesso de peso nos membros inferiores favorece o surgimento de varizes e pode agravar quadros de insuficiência venosa.
“A associação entre lipedema e varizes é comum. Por isso, a avaliação vascular completa é fundamental”, reforça o Dr. Sterzza.
Impacto psicológico significativo
A evolução da doença também afeta o emocional. Baixa autoestima, ansiedade e até quadros depressivos são frequentes, agravados pelo julgamento social e pela demora no diagnóstico.
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A importância do diagnóstico precoce
O Dr. Douglas Sterzza destaca que identificar o lipedema ainda nos estágios iniciais possibilita controlar a progressão, reduzir sintomas e evitar tratamentos mais invasivos no futuro. Entre os principais sinais de alerta estão:
Acúmulo de gordura desproporcional nas pernas;
Dor e sensibilidade ao toque;
Inchaço persistente;
Histórico familiar;
Dificuldade de perder volume mesmo com dieta e exercícios.
Tratamento: é possível controlar o lipedema?
Embora não exista cura definitiva, o acompanhamento adequado permite controlar a doença e manter qualidade de vida. As principais estratégias incluem:
Drenagem linfática e terapias específicas;
Meias de compressão;
Exercícios orientados;
Controle alimentar;
Lipoaspiração especializada para lipedema, indicada em casos selecionados.
“Cada paciente precisa de uma abordagem individualizada. O mais importante é não ignorar os sintomas e buscar avaliação de um médico vascular experiente na doença”, ressalta o Dr. Sterzza. Se você suspeita de lipedema ou já convive com o diagnóstico, saiba que existem opções eficazes de tratamento. No blog, é possível acessar mais conteúdos educativos sobre sintomas, estágios e manejo da doença.
Quando o cérebro entra em sobrecarga, ele desliga. Literalmente. Esse fenômeno — conhecido como shutdown — é cada vez mais relatado por pessoas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), mas ainda pouco compreendido pela maioria da população.
Apesar de parecer invisível, seus efeitos são profundos: a pessoa trava, perde a capacidade momentânea de pensar com clareza, falar, agir ou lidar com qualquer estímulo externo.
Segundo a psicóloga Sandra Villela, especialista em neurodiversidade e saúde emocional, esse apagão não é frescura, preguiça ou fraqueza.
“O shutdown é um mecanismo de defesa. Quando o cérebro percebe que está recebendo mais estímulos do que consegue processar, ele entra em modo de proteção. A mente simplesmente desliga para evitar um colapso maior”, explica. Quando o cérebro trava: o que é o shutdown?
Diferente da desatenção clássica do TDAH, o shutdown representa um estado de paralisia mental e emocional. Esse travamento pode ser desencadeado por uma soma de fatores: sobrecarga sensorial, excesso de demandas, conflitos emocionais, barulhos, interrupções constantes ou ambientes extremamente estimulantes.
Para muitos, é como se uma “pane” tomasse conta do corpo.
Outros descrevem como um esvaziamento interno, uma incapacidade de reagir ou responder.
Os sintomas mais comuns
Durante o shutdown, o corpo e a mente entram num modo de funcionamento mínimo. Entre os sinais mais relatados, estão:
Vontade súbita de se isolar: qualquer interação social se torna cansativa.
Bloqueio mental: dificuldade em pensar, decidir, organizar ideias ou responder perguntas simples.
Dificuldade de falar: expressar o que está acontecendo parece impossível.
Emoções intensas: irritação, frustração ou choro fácil, sem motivo claro.
Cansaço extremo: sensação de exaustão mental e física.
Sensibilidade sensorial: barulhos, luzes e toques se tornam incômodos ou dolorosos.
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De acordo com Sandra Villela, esses sinais são muito mais comuns do que se imagina.
“É muito comum ouvir pacientes dizerem que ‘travaram’ no meio do dia, numa reunião ou até em casa. Muitos acham que é uma falha pessoal, mas é apenas o cérebro pedindo socorro.” Por que isso acontece?
Pessoas com TDAH já lidam diariamente com um volume maior de estímulos internos: pensamentos rápidos, impulsividade, emoções intensas e dificuldades de regulação.
Quando o ambiente adiciona ainda mais demandas, o cérebro chega ao limite.
“Imagine um computador com muitas abas abertas, vários programas rodando ao mesmo tempo e ainda recebendo novas tarefas. Chega um momento em que ele trava. O cérebro de uma pessoa com TDAH funciona da mesma forma”, compara a psicóloga.
Como lidar com o shutdown
Segundo Sandra Villela, não existe “força de vontade” que resolva o shutdown no momento em que ele acontece. O que funciona é:
Com o tempo, criar rotinas de regulação emocional e conhecer seus próprios limites ajuda a reduzir a frequência e a intensidade desses episódios.
A importância de falar sobre isso
Mesmo sendo comum, o shutdown ainda é pouco discutido. No ambiente de trabalho, é frequentemente interpretado como desinteresse; nas relações pessoais, como frieza; e no cotidiano, como preguiça.
Essa falta de compreensão só aumenta o sofrimento emocional e a sensação de inadequação.
“Quando as pessoas entendem que não é fraqueza, mas uma resposta neurológica, tudo muda: o paciente se culpa menos e quem convive passa a oferecer suporte e não julgamento”, reforça Sandra Villela. Para quem vive com TDAH — e para quem convive
A mensagem principal é simples: o shutdown é real, tem explicação científica e merece atenção. Quanto mais falarmos sobre isso, mais pessoas poderão reconhecer o que sentem e buscar ajuda especializada.
Estudos apontam que a falta de limites está ligada ao aumento da ansiedade, da baixa autoestima e até do burnout feminino
Um dos maiores desafios emocionais das mulheres modernas não é apenas a sobrecarga de papéis, mas a incapacidade de estabelecer limites. Conhecida popularmente como “síndrome da boazinha”, essa dificuldade em dizer “não” leva muitas mulheres a aceitarem mais responsabilidades do que conseguem suportar, com impactos diretos em sua saúde mental e emocional.
Um estudo da Psychology Today revela que pessoas com dificuldade de negar pedidos apresentam níveis mais elevados de estresse e propensão a quadros depressivos. No Brasil, pesquisa do Ibope (2023) mostrou que 64% das mulheres afirmam já ter adoecido por tentar agradar a todos, mesmo contra sua vontade.
Para a psicóloga e terapeuta integrativa Laura Zambotto, essa realidade é recorrente no consultório. “Muitas mulheres sentem culpa só de imaginar dizer não. Elas acreditam que precisam ser sempre agradáveis e disponíveis. O resultado é um acúmulo de demandas que as afasta de si mesmas e gera esgotamento emocional”, afirma.
Especialistas em comportamento humano explicam que essa dificuldade está ligada a fatores culturais e sociais. “A mulher foi educada, por séculos, a ocupar o lugar de cuidadora e servidora. Essa expectativa permanece, mesmo quando ela ocupa papéis de liderança ou busca autonomia na vida pessoal”, acrescenta Laura.
O preço da boazinha, porém, é alto: ansiedade, baixa autoestima, depressão, esgotamento, dificuldade em relacionamentos e sintomas físicos como insônia, enxaquecas e dores musculares. Estudos recentes da USP também apontam que a falta de assertividade está relacionada ao aumento de casos de burnout entre mulheres, especialmente as que acumulam jornada dupla.
Para romper esse ciclo, especialistas defendem a importância de práticas de autoconhecimento e do fortalecimento da autoestima. “Aprender a dizer não é um ato de amor próprio e coragem. Quando a mulher se coloca em primeiro lugar, ela conquista relações mais equilibradas e preserva sua saúde emocional. A mulher pode continuar sendo uma pessoa boa, com princípios e valores, sem precisar agradar a todos ao seu redor”, conclui Laura.