Dra. Tatiana tournieux, cirurgiã plástica especializada em tratamentos capilares, explica o que leva a queda dos fios e como combater o problema que afeta milhões de pessoas em todo o mundo
A calvície masculina, também conhecida como alopecia androgenética, é uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, a calvície é um problema comum. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), cerca de 50% dos homens com mais de 50 anos apresentam algum grau de calvície. Entre as mulheres, aproximadamente 30% das que estão na pós-menopausa são afetadas pela perda de cabelo.
Segundo a cirurgiã plástica especializada em tratamentos capilares, Dra. Tatiana Tournieux, a calvície androgenética é principalmente causada por fatores genéticos e hormonais. “A genética desempenha um papel crucial, com uma predisposição à calvície herdada de ambos os pais. Hormônios, especialmente os andrógenos, como a testosterona, também influenciam na perda de cabelo”, explica.
A especialista detalha: “A diidrotestosterona (DHT), um derivado da testosterona, se liga aos receptores nos folículos capilares, fazendo com que encolham e produzam cabelos mais finos até que, eventualmente, parem de produzir novos cabelos. Esse processo é mais comum em homens, mas tem aumentado consideravelmente em mulheres, nos últimos anos”.
“A vida moderna, acelerada, com alto nível de estresse, pouco descanso, alimentação desequilibrada, associado a resquícios da pandemia, tem tornado a calvície ainda mais precoce, isso tem sido percebido nos consultório especializados, pelo aumento sensível do número de pacientes procurando por tratamento capilar.
Os primeiros sinais da calvície podem surgir ainda na juventude. “Homens podem começar a notar os primeiros sinais de calvície a partir dos 20 anos, alguns casos, até antes disso. Já nas mulheres isso geralmente ocorre após os 30 anos, intensificando-se após a menopausa”, explica Dra. Tournieux.
Embora a calvície não tenha uma cura definitiva, existem várias opções de tratamento que podem retardar o processo ou promover o crescimento de novos fios, que vão desde medicamentos para tomar por boca, ou para passar, terapias como o laser e outras soluções minimamente invasivas. Muitas desses tratamentos usados ainda, off-label, como o microagulhamento, MMP-micro infusão de medicamentos na pele, injeção de PRP- Plasma Rico em Plaquetas, exossomos, e muitos outros com bons resultados em inúmeros trabalhos científicos.
A cirurgia de implante, embora considerada como “tratamento cirúrgico”, não funciona como um tratamento propriamente dito, já que não reverte a evolução da alopecia; ainda que melhore (absolutamente) o aspecto estético da calvice. Em outras palavras, o implante capilar não estimula o crescimento dos folículos miniaturizados, somente “disfarça” a existência deles, ao transferir fios de boa qualidade ao local acometido.
Sendo assim o tratamento coadjuvante ao implante é imprescindível para um resultado a longo prazo, que deve ser, sempre, muito bem discutido com seu cirurgião.
“Com avanços na tecnologia e técnicas mais sofisticadas, tornou-se primordial cuidar dos fios existentes antes de considerar um implante ou principalmente quando o implante é realizado, para que se mantenha o resultado alcançado.
Isso inclui terapias para fortalecer e estimular o crescimento capilar, além de uma abordagem mais holística para garantir a saúde do couro cabeludo”, afirma.
A especialista chama atenção para uma técnica promissora que tem auxiliado no crescimento capilar, a TxHM. Uma técnica que une tratamentos já consagrados como o microagulhamento + drug delivery associado ao SMP – Scalp Micropigmentation.
“O papel dos pigmentos no crescimento capilar ainda não está bem estabelecido e carece de mais estudos, mas
posso dizer, que neste momento, estamos surpresos com os resultados alcançados, pois estamos conseguindo entregar cabelos mais volumoso, com fios mais encorpados, brilhantes e obviamente um resultado extremamente natural, já que é o próprio cabelo que retorna e que engrossa, esses resultados tem representado um grande avanço na jornada de recuperação capilar”, garante.
“Cada paciente é único, e o plano de tratamento deve ser adaptado às suas condições específicas. Consultar um especialista e explorar todas as opções disponíveis pode levar a melhores resultados e maior satisfação”, conclui a Dra. Tournieux.
O lipedema é uma doença crônica e progressiva caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura, geralmente nas pernas, quadris e braços. Embora seja frequentemente confundido com obesidade ou retenção de líquidos, trata-se de um distúrbio vascular que afeta majoritariamente mulheres e que, se não tratado, pode comprometer a mobilidade, causar dor intensa e impactar significativamente a saúde física e emocional.
De acordo com o médico vascular Dr. Douglas Sterzza, referência no diagnóstico e tratamento do lipedema, muitas pacientes convivem por anos com a doença sem saber.
“O desconhecimento ainda é um dos maiores desafios. Muitas mulheres passam boa parte da vida acreditando que o problema é estético, quando na verdade se trata de uma doença que avança e gera complicações importantes se não for tratada adequadamente”, explica o especialista.
O que acontece quando o lipedema não recebe tratamento?
Quando não há acompanhamento médico, o lipedema tende a evoluir de maneira contínua, passando por estágios cada vez mais complexos. Segundo o Dr. Sterzza, a evolução pode acarretar:
Aumento progressivo do volume das pernas
O acúmulo de gordura tende a intensificar-se ao longo dos anos. O aumento de volume compromete o uso de roupas, gera sensação de peso e dificulta a mobilidade.
Dor crônica e sensibilidade exacerbada
A dor ao toque é um dos sintomas marcantes. Sem tratamento, ela se torna constante e passa a limitar atividades simples, como caminhar e subir escadas.
Formação de nódulos e endurecimento do tecido
Com o avanço da doença, ocorre a formação de nódulos, fibrose e endurecimento da gordura — estágio que exige abordagens terapêuticas mais complexas, muitas vezes cirúrgicas.
Sobrecarga do sistema linfático
O lipedema pode evoluir para lipo-linfedema, quando há prejuízo do sistema linfático. Isso provoca inchaço intenso, sensação de pernas “cheias” e maior dificuldade de locomoção.
Problemas vasculares associados
O excesso de peso nos membros inferiores favorece o surgimento de varizes e pode agravar quadros de insuficiência venosa.
“A associação entre lipedema e varizes é comum. Por isso, a avaliação vascular completa é fundamental”, reforça o Dr. Sterzza.
Impacto psicológico significativo
A evolução da doença também afeta o emocional. Baixa autoestima, ansiedade e até quadros depressivos são frequentes, agravados pelo julgamento social e pela demora no diagnóstico.
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A importância do diagnóstico precoce
O Dr. Douglas Sterzza destaca que identificar o lipedema ainda nos estágios iniciais possibilita controlar a progressão, reduzir sintomas e evitar tratamentos mais invasivos no futuro. Entre os principais sinais de alerta estão:
Acúmulo de gordura desproporcional nas pernas;
Dor e sensibilidade ao toque;
Inchaço persistente;
Histórico familiar;
Dificuldade de perder volume mesmo com dieta e exercícios.
Tratamento: é possível controlar o lipedema?
Embora não exista cura definitiva, o acompanhamento adequado permite controlar a doença e manter qualidade de vida. As principais estratégias incluem:
Drenagem linfática e terapias específicas;
Meias de compressão;
Exercícios orientados;
Controle alimentar;
Lipoaspiração especializada para lipedema, indicada em casos selecionados.
“Cada paciente precisa de uma abordagem individualizada. O mais importante é não ignorar os sintomas e buscar avaliação de um médico vascular experiente na doença”, ressalta o Dr. Sterzza. Se você suspeita de lipedema ou já convive com o diagnóstico, saiba que existem opções eficazes de tratamento. No blog, é possível acessar mais conteúdos educativos sobre sintomas, estágios e manejo da doença.
Quando o cérebro entra em sobrecarga, ele desliga. Literalmente. Esse fenômeno — conhecido como shutdown — é cada vez mais relatado por pessoas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), mas ainda pouco compreendido pela maioria da população.
Apesar de parecer invisível, seus efeitos são profundos: a pessoa trava, perde a capacidade momentânea de pensar com clareza, falar, agir ou lidar com qualquer estímulo externo.
Segundo a psicóloga Sandra Villela, especialista em neurodiversidade e saúde emocional, esse apagão não é frescura, preguiça ou fraqueza.
“O shutdown é um mecanismo de defesa. Quando o cérebro percebe que está recebendo mais estímulos do que consegue processar, ele entra em modo de proteção. A mente simplesmente desliga para evitar um colapso maior”, explica. Quando o cérebro trava: o que é o shutdown?
Diferente da desatenção clássica do TDAH, o shutdown representa um estado de paralisia mental e emocional. Esse travamento pode ser desencadeado por uma soma de fatores: sobrecarga sensorial, excesso de demandas, conflitos emocionais, barulhos, interrupções constantes ou ambientes extremamente estimulantes.
Para muitos, é como se uma “pane” tomasse conta do corpo.
Outros descrevem como um esvaziamento interno, uma incapacidade de reagir ou responder.
Os sintomas mais comuns
Durante o shutdown, o corpo e a mente entram num modo de funcionamento mínimo. Entre os sinais mais relatados, estão:
Vontade súbita de se isolar: qualquer interação social se torna cansativa.
Bloqueio mental: dificuldade em pensar, decidir, organizar ideias ou responder perguntas simples.
Dificuldade de falar: expressar o que está acontecendo parece impossível.
Emoções intensas: irritação, frustração ou choro fácil, sem motivo claro.
Cansaço extremo: sensação de exaustão mental e física.
Sensibilidade sensorial: barulhos, luzes e toques se tornam incômodos ou dolorosos.
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De acordo com Sandra Villela, esses sinais são muito mais comuns do que se imagina.
“É muito comum ouvir pacientes dizerem que ‘travaram’ no meio do dia, numa reunião ou até em casa. Muitos acham que é uma falha pessoal, mas é apenas o cérebro pedindo socorro.” Por que isso acontece?
Pessoas com TDAH já lidam diariamente com um volume maior de estímulos internos: pensamentos rápidos, impulsividade, emoções intensas e dificuldades de regulação.
Quando o ambiente adiciona ainda mais demandas, o cérebro chega ao limite.
“Imagine um computador com muitas abas abertas, vários programas rodando ao mesmo tempo e ainda recebendo novas tarefas. Chega um momento em que ele trava. O cérebro de uma pessoa com TDAH funciona da mesma forma”, compara a psicóloga.
Como lidar com o shutdown
Segundo Sandra Villela, não existe “força de vontade” que resolva o shutdown no momento em que ele acontece. O que funciona é:
Com o tempo, criar rotinas de regulação emocional e conhecer seus próprios limites ajuda a reduzir a frequência e a intensidade desses episódios.
A importância de falar sobre isso
Mesmo sendo comum, o shutdown ainda é pouco discutido. No ambiente de trabalho, é frequentemente interpretado como desinteresse; nas relações pessoais, como frieza; e no cotidiano, como preguiça.
Essa falta de compreensão só aumenta o sofrimento emocional e a sensação de inadequação.
“Quando as pessoas entendem que não é fraqueza, mas uma resposta neurológica, tudo muda: o paciente se culpa menos e quem convive passa a oferecer suporte e não julgamento”, reforça Sandra Villela. Para quem vive com TDAH — e para quem convive
A mensagem principal é simples: o shutdown é real, tem explicação científica e merece atenção. Quanto mais falarmos sobre isso, mais pessoas poderão reconhecer o que sentem e buscar ajuda especializada.
Estudos apontam que a falta de limites está ligada ao aumento da ansiedade, da baixa autoestima e até do burnout feminino
Um dos maiores desafios emocionais das mulheres modernas não é apenas a sobrecarga de papéis, mas a incapacidade de estabelecer limites. Conhecida popularmente como “síndrome da boazinha”, essa dificuldade em dizer “não” leva muitas mulheres a aceitarem mais responsabilidades do que conseguem suportar, com impactos diretos em sua saúde mental e emocional.
Um estudo da Psychology Today revela que pessoas com dificuldade de negar pedidos apresentam níveis mais elevados de estresse e propensão a quadros depressivos. No Brasil, pesquisa do Ibope (2023) mostrou que 64% das mulheres afirmam já ter adoecido por tentar agradar a todos, mesmo contra sua vontade.
Para a psicóloga e terapeuta integrativa Laura Zambotto, essa realidade é recorrente no consultório. “Muitas mulheres sentem culpa só de imaginar dizer não. Elas acreditam que precisam ser sempre agradáveis e disponíveis. O resultado é um acúmulo de demandas que as afasta de si mesmas e gera esgotamento emocional”, afirma.
Especialistas em comportamento humano explicam que essa dificuldade está ligada a fatores culturais e sociais. “A mulher foi educada, por séculos, a ocupar o lugar de cuidadora e servidora. Essa expectativa permanece, mesmo quando ela ocupa papéis de liderança ou busca autonomia na vida pessoal”, acrescenta Laura.
O preço da boazinha, porém, é alto: ansiedade, baixa autoestima, depressão, esgotamento, dificuldade em relacionamentos e sintomas físicos como insônia, enxaquecas e dores musculares. Estudos recentes da USP também apontam que a falta de assertividade está relacionada ao aumento de casos de burnout entre mulheres, especialmente as que acumulam jornada dupla.
Para romper esse ciclo, especialistas defendem a importância de práticas de autoconhecimento e do fortalecimento da autoestima. “Aprender a dizer não é um ato de amor próprio e coragem. Quando a mulher se coloca em primeiro lugar, ela conquista relações mais equilibradas e preserva sua saúde emocional. A mulher pode continuar sendo uma pessoa boa, com princípios e valores, sem precisar agradar a todos ao seu redor”, conclui Laura.