- Composto por três faixas, o trabalho propõe uma imersão sonora e lírica que cruza espiritualidade, crítica social e contundência artística
- Com influências que passam por Radiohead, Nirvana, Chico Buarque e Pink Floyd, O Velho Manco aposta, mais uma vez, em uma obra conceitual e provocadora, reafirmando sua identidade autoral
Ouça o EP
A banda O Velho Manco lançou em todas as plataformas digitais o EP “Perversum Relegere”, pela Marã Música. Composto por três faixas, o trabalho propõe uma imersão sonora e lírica que cruza espiritualidade, crítica social e contundência artística. A começar pelo título, expressão em latim que pode ser traduzida como “releitura perversa” e é apontada como possível raiz etimológica da palavra “religião”, o EP carrega uma proposta provocadora: refletir sobre a necessidade e os impactos da religião na sociedade contemporânea.
“Desde o início, a ideia era trazer à tona um questionamento legítimo que nos acompanha todos os dias: qual o papel da religião em nossas vidas? Como ela se formou? O que sustenta essa crença na figura invisível que acompanha nossa infância e atravessa a vida adulta?”, explica a banda. Essa inquietação se reflete nas três faixas do EP, que traçam uma espécie de arco temático. As duas primeiras, “Pan” e “Cinemática”, apresentam harmonias folk, arranjos acústicos e melodias contagiantes, que contrastam com as reflexões existenciais e alegorias presentes nas letras. “São músicas que dialogam com a fé, o símbolo, a infância espiritual… mas sem deixar de questionar”, destacam.
A composição de cada faixa acompanhou os diferentes momentos da trajetória da banda. “Cinemática” começou a ser desenhada em 2017, a partir de um arranjo de violão do vocalista Tiago Mancin, e foi finalizada apenas anos depois com letras e melodias que surgiram em plena pandemia. “Pan”, por sua vez, nasceu em 2020 com arranjos de Dan Nascimento e letra e melodia de Vinnie, ex-integrante do grupo, conquistando uma estrutura quase pop. Ambas foram lançadas como singles em 2025, enquanto a banda ainda procurava a peça final para completar o EP.
Essa peça chegou com “Epidermia”, uma faixa densa e explosiva que, segundo o grupo, representa “o cataclisma” do disco. Com guitarras distorcidas, escala harmônica árabe e vocais em forma de grito, a música encerra a narrativa sonora do EP com um forte posicionamento político e social. “É uma canção que denuncia o racismo estrutural presente nas religiões dominantes, a violência histórica contra povos racializados e como tudo isso se sustenta, muitas vezes, por trás de discursos de fé. Ela joga para o alto toda a delicadeza construída nas faixas anteriores”, afirma a banda.
A composição de “Epidermia” começou ainda durante as gravações do EP ”Egorama”, a partir de um arranjo em escala árabe criado por Dan no violão. Inspirado pela escala e por imagens de sofrimento do povo palestino, Mancin desenvolveu uma melodia vocal em três partes e escreveu uma letra que, segundo ele, não poderia falar de outra coisa senão da dor ancestral de quem carrega a pele como destino de exclusão.
Com influências que passam por Radiohead, Nirvana, Chico Buarque e Pink Floyd, O Velho Manco aposta, mais uma vez, em uma obra conceitual e provocadora, reafirmando sua identidade autoral. “Sabemos que o tema é polêmico e que pode afastar parte da audiência, mas é justamente esse desconforto que nos interessa provocar. Estamos gostando dessa experiência de usar a arte como forma de protesto.”
Sobre O Velho Manco:
O Velho Manco é um trio de indie rock brasileiro. Escutá-los é transitar entre Radiohead e MPB em espiral, sem perceber, voltar a assimilar mais um tanto de referências que se dissipam e se concentram em cada faixa. Nirvana, Chico Buarque, Queens Of the Stone Age, Pink Floyd, está tudo ali. Apenas, no entanto, como alicerce para uma música que a gente nunca ouviu por aí. Suas apresentações ao vivo aliam voracidade à rara excelência técnica na execução das músicas.
Formada em 2014, O Velho Manco lançou seu primeiro trabalho, o álbum A Mosca, em dezembro de 2018 apresentando uma maneira única de misturar o que há de mais interessante no indie rock global com uma marca incrivelmente brasileira.
Em 2019 lançam o single melancólico “Presente”, que com uma harmonia e ritmo contagiantes friamente recita como um mantra a sequência de medicamentos a que uma pessoa em depressão é submetida.
2020 é o ano da pandemia e a banda lança o single “Ad Nauseam”, sobre a crescente alienação da sociedade moderna pós internet. A faixa através da melodia da letra e loops harmônicos sugerem um círculo, uma bolha, a estética do isolamento individual.
E em 2023 lançam o EP “Egorama” composto de 3 faixas: “Prato para Eva”, a faixa-título “Egorama” e “Eclosão”. O EP segue o arco temático sobre o acúmulo de emoções e pensamentos intrusivos e o perigo que isso pode representar, tornando o indivíduo uma bomba-relógio com um resultado devastador, porém imprevisível.
E assim a banda define suas composições: “trazem letras pesadas, soturnas e desesperançosas, contrastando com melodias vibrantes e, por vezes, dançantes. Afinal, a verdadeira psique humana é mesmo formada por antagonismos, emulações e volubilidade”. Nas composições, o vocalista usa de uma melancolia ácida, impulsionada pela crítica a um modelo de vida no qual é comum abrir mão dos verdadeiros instintos e sentimentos para abraçar uma rotina enfadonha.
Sobre Marã Música:
Empresa especializada em Marketing e Relações Públicas, dentro do mercado da música, fundada em janeiro de 2018 na cidade de Jundiaí, no estado de São Paulo. Idealizada e gerenciada por Henrique Roncoletta, vocalista e compositor da banda NDK, a Marã Música atua na conexão de artistas com marcas e empresas, além de atuar também na gestão de imagem, carreiras, projetos, produções artísticas e eventos culturais.
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