De dores nas costas à fibromialgia, abordagem individualizada devolve autonomia e reduz a dependência de medicamentos
No Brasil, estima-se que mais de um terço da população conviva com dor crônica — aquela que persiste por mais de três meses, mesmo após a fase aguda de uma lesão ou inflamação. Segundo dados da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED), a condição afeta cerca de 77 milhões de brasileiros, impactando a qualidade de vida, a saúde mental, a funcionalidade e a produtividade.
Para quem convive com dores frequentes, como lombalgia, cervicalgia, cefaleia tensional, fibromialgia, dores articulares pós-cirúrgicas e síndromes miofasciais, que são muito comuns nesse perfil de paciente, encontrar um caminho de reabilitação eficaz pode parecer um desafio. É justamente aí que entram recursos como o Pilates clínico e a fisioterapia funcional — que são comumente chamadas de especialidades, embora o Pilates, na verdade, não seja uma especialidade isolada, mas sim um método ou recurso terapêutico dentro da fisioterapia. Essas abordagens têm transformado a rotina de pacientes que antes se viam limitados até para tarefas simples do dia a dia.
“A dor crônica não precisa ser normalizada. O corpo dá sinais o tempo todo, e quando a dor se instala por muito tempo, ela passa a ser processada também pelo sistema nervoso central. Por isso, o tratamento precisa ser global, cuidadoso e individualizado”, afirma a fisioterapeuta Luciana Geraissate, especialista em reabilitação e manejo da dor.
Pilates como ferramenta terapêutica, não apenas exercício físico
Luciana explica que o Pilates, quando aplicado com foco clínico, é uma poderosa ferramenta de reeducação postural, fortalecimento muscular e liberação de tensões crônicas. “O paciente aprende a se movimentar com consciência, desenvolvendo estabilidade, controle e alívio de pontos de sobrecarga. O resultado é um corpo mais funcional e com menos dor, sem depender de intervenções invasivas ou remédios contínuos.”
Entre os casos que mais aparecem no consultório estão dores musculares de origem postural, síndromes dolorosas miofasciais, disfunções musculoesqueléticas, quadros de tensão emocional que se refletem fisicamente, e condições como hérnias de disco, artroses e disfunções na ATM. A atuação integrada da fisioterapia permite não apenas o alívio dos sintomas, mas também a identificação das causas e a prevenção de novos episódios.
Alívio da dor, mais autonomia e bem-estar
Mais do que a ausência de dor, o foco do tratamento está na devolução da autonomia. “Muitos pacientes chegam com medo de se mover, sentindo que qualquer esforço pode piorar o quadro. Nosso trabalho é reconectar o corpo de forma segura, promovendo uma recuperação real, baseada em evidências científicas e na escuta ativa do paciente”, destaca Luciana.
O impacto vai além do físico: melhora do sono, redução da ansiedade e mais disposição para o dia a dia são alguns dos benefícios frequentemente relatados.
“Cada dor tem uma história. E é ouvindo essa história, e olhando o corpo como um todo, que conseguimos criar um plano terapêutico eficaz e duradouro. A reabilitação não é uma fórmula única — é um processo de escuta, técnica e presença.”