Para Rodrigo Vitali, que atuou por 25 anos no Sistema S, liderar bem começa por conhecer a rotina, ouvir as pessoas e entender o que realmente acontece dentro de uma instalação esportiva
Quando se fala em gestão esportiva, muita gente pensa em planejamento, metas e controle de resultados. Mas quem convive diariamente com academias, quadras e centros esportivos sabe que os maiores desafios — e também as maiores oportunidades — nascem fora das planilhas. Administrar um espaço esportivo exige sensibilidade para lidar com pessoas, olhar atento às rotinas e, acima de tudo, vivência prática. É no cotidiano que as decisões ganham peso e que a liderança faz diferença.
Rodrigo Vitali conhece esse terreno como poucos. Foram 25 anos dentro do Sistema S, grande parte deles no SESC-DF, onde atuou como analista, supervisor e gestor de atividades esportivas. Sua trajetória começou lá atrás, ainda como estagiário no SESI, ministrando aulas de natação e futebol. Da vivência direta com os alunos, passou a liderar equipes, planejar ações estratégicas e coordenar grandes eventos esportivos.
“É na vivência diária que você entende o que funciona e o que precisa ser ajustado. Não dá pra liderar de longe”, afirma Rodrigo, que também é graduado em Educação Física e Administração, com pós-graduação em Atividades de Academia e MBA em Administração e Marketing.
A gestão de instalações esportivas, segundo ele, vai muito além da programação técnica. Envolve escuta ativa, alinhamento de expectativas e, principalmente, sensibilidade para lidar com pessoas — desde professores e equipes de apoio até o público que frequenta os espaços. “Cobrar desempenho é importante, claro. Mas mais importante ainda é perceber como está o clima da equipe, o nível de motivação e o senso de pertencimento das pessoas ao projeto”, reforça.
Durante sua atuação no SESC, Rodrigo esteve à frente de unidades como Taguatinga, Guará e 504 Sul, onde pôde aplicar uma visão de gestão integrada e participativa. Além disso, coordenou eventos esportivos de grande porte, como o Triatlo SESC Brasília, a Minimaratona Brasília e o Revezamento Aquático 25 Horas. Fora da instituição, criou a Alcance, uma empresa voltada para produção de eventos e formações voltadas ao esporte e à saúde.
A atuação em diferentes frentes permitiu a ele uma visão ampliada da gestão esportiva: da operação diária ao planejamento de longo prazo, passando pela capacitação de equipes e pelo relacionamento com o público. Não à toa, ele também contribuiu academicamente com um capítulo no livro Gestão de Instalações Esportivas Indoor, obra organizada pela Universidade de Brasília (UnB) e traduzida para mais de 100 países.
Segundo Rodrigo, a experiência prática é o que permite ao gestor tomar decisões mais assertivas e próximas da realidade. “Não adianta criar uma política de uso da academia, por exemplo, sem conhecer a dinâmica do espaço. Ou definir metas de atendimento sem entender o que cada profissional precisa para trabalhar bem. O gestor tem que estar presente, ouvir, observar e ajustar.”
Esse modelo de gestão que ele propõe é, acima de tudo, humanizado. Não significa abrir mão da técnica ou dos indicadores de desempenho, mas sim entender que, por trás de cada meta, existem pessoas com histórias, dificuldades e potenciais. “Sempre trabalhei com responsabilidade e disciplina, mas nunca perdi o foco no ser humano. É isso que garante uma equipe comprometida e um ambiente de trabalho saudável”, destaca.
Hoje, com os avanços tecnológicos chegando com força ao setor — como inteligência artificial aplicada a treinos, aplicativos de rastreamento e plataformas de gestão integrada —, a presença de líderes com vivência prática se torna ainda mais necessária. Ferramentas existem aos montes, mas é o olhar do gestor que traduz os dados em ações coerentes com a realidade do local.
A combinação entre conhecimento técnico, experiência de campo e inteligência emocional, segundo ele, é o que vai definir os gestores que conseguirão liderar com consistência nos próximos anos. “A tecnologia é bem-vinda, mas precisa vir acompanhada de sensibilidade. Nenhuma inovação substitui a escuta atenta e o contato diário com as pessoas”, completa.
Em vez de subir degraus se distanciando da base, Rodrigo fez o caminho mantendo os dois pés na realidade — e talvez seja isso que tenha feito a diferença ao longo do tempo. Sua trajetória mostra que a boa gestão começa no chão da quadra, passa pela formação contínua e se fortalece quando há um propósito claro: fazer da atividade física uma ferramenta real de transformação.
Para acompanhar mais reflexões sobre gestão esportiva e liderança humanizada, siga Rodrigo Vitali no Instagram @rodrigovitali2012 e no LinkedIn.